OS LUSÍADAS

 

Autor: Luiz Vaz de Camões

O maior dos poetas portugueses, nasceu em Coimbra por volta de 1524. Em sua vida, sucederam-se aventuras e adversidades. Estudou em Coimbra, freqüentou a corte de d. João III, em 1547, partiu para Ceuta, e numa disputa com os mouros perdeu o olho direito. De volta a Portugal, envolveu-se em duelos e outras rixas, o que lhe custou um ano de prisão. Em 1553, participou de expedições militares na Índia, depois em Macau e quando se dirigia a Goa, naufragou nas costas do Camboja. Conta-se que se salvou, nadando apenas com um braço e erguendo o outro acima das ondas para salvar o manuscrito de Os lusíadas, publicado em 1572. O poema épico tem como tema central o descobrimento do caminho marítimo para a Índia. São ao todo dez cantos, em 1102 estrofes de oito versos, de esquema rimático ABABABCC. Sua estrutura subdivide-se em proposição, invocação, dedicatória e narração, segundo as normas do Classicismo imperante.

 

1. Estrutura

O poema divide-se em dez cantos. Cantos são as partes que compõem os longos poemas. São 8.816 versos, distribuídos em 1.102 estrofes com o seguinte esquema de rimas: ab ab ab cc. Camões seguiu o modelo da Eneida, do escritor Virgílio, ao estruturar sua obra, que apresenta as seguintes partes:

1ª parte: ocupa os dezenove primeiros versos do poema, compreendendo:

2ª parte: é a narração, que ocupa a maior parte do poema – do verso 19 do canto I ao final do canto X. Compreende a viagem de Vasco da Gama às Índias. Em meio às peripécias da viagem, são relatados os episódios importantes da história de Portugal. Camões narra a viagem de ida e a de volta. A narrativa não segue a ordem cronológica, linear, pois quando se inicia o poema, os navegantes já estão no meio do oceano, em plena viagem.

3ª parte: é o epílogo, que ocupa uma pare do canto X. No epílogo, Camões refere-se à pátria que caminha rapidamente para a inevitável ruína. Predomina um tom melancólico e quase profético, pois em 1580 – oito anos após a publicação da obra – Portugal passa ao domínio dos espanhóis.

2. O maravilhoso pagão

Chama-se maravilhoso o fato de seres sobrenaturais intervirem nas ações narradas na obra. Uma das exigências da epopéia clássica era a intervenção de deuses ou outras entidades pagãs, que se colocavam contra determinadas empresas humanas ou a favor delas. No caso de Os lusíadas, Vênus é a deusa que procura proteger os portugueses, enquanto Baco é o opositor, ou seja, quem coloca obstáculos à realização daqueles feitos.

3. Assunto

O assunto – viagem de Vasco da Gama às Índias – serve como pretexto para Camões relatar a história de Portugal. Nesse ponto, a epopéia camoniana difere da clássica, pois trata de fatos verídicos.

4. O nome

Lusíadas deriva de Luso, que teria sido o primeiro português.

5. Episódios líricos

É outro fato que diferencia a epopéia camoniana da epopéia clássica.

Entremeados à história de Portugal, há episódios líricos, que segundo os estudiosos, são o que de melhor existe no longo poema. São episódios líricos famosos: o de Inês de Castro, o da Ilha dos Amores e parte do episódio do gigante Adamastor.

6. Antropocentrismo

A conquista dos mares pelos portugueses simboliza o domínio do homem sobre a natureza, característica tipicamente antropocêntrica e, portanto, renascentista.

Vejamos um breve resumo da obra:

Canto I

Contém a introdução, a invocação e o oferecimento. A narração tem início como os portugueses já no Oceano Índico, ou seja, em plena viagem. Enquanto isso, os deuses reúnem no Olimpo (concílio dos deuses) para decidir a sorte dos portugueses: permitir ou não que eles cheguem às Índias. Vênus e Marte são favoráveis ao empreendimento. Baco é contrário. Júpiter decide permitir a continuidade da viagem. Em Moçambique, os portugueses enfrentam uma cilada preparada por Baco.

Canto II

Em Moçambique, outra cilada: Baco, disfarçado de cristão, tenta convencer os portugueses a desembarcarem. Vênus e as Nereidas intervêm, impedindo que os portugueses sejam derrotados pelos mouros. A frota chega a Melinde, onde é festivamente recebida.

Nereidas: Ninfas dos mares; eram cinqüenta

Canto III

A pedido do rei de Melinde, Vasco da Gama começa a contar a história de Portugal. Nesse canto, narra-se a história de Inês de Castro, uma das mais conhecidas passagens de Os lusíadas.

Canto IV

Narram-se outros fatos importantes da história portuguesa, até chegar à época da viagem de Vasco da Gama. A narrativa retrocede para o início da viagem. Quando os portugueses vão sair do porto de Restelo, surge um velho que critica severamente as grandes navegações, acusando os portugueses de vaidade excessiva. É o episódio conhecido como "O velho do Restelo".

Canto V

A frota ainda está em Melinde. Vasco da Gama narra a viagem pela costa africana, o cruzamento do Equador e detém-se naquele que foi o mais difícil ponto da viagem: a travessia do Cabo das Tormentas, que aparece personificado na figura do gigante Adamastor.

Canto VI

A armada deixa Melinde com destino às Índias. Baco desce ao fundo do mar e pede aos deuses que liberem os ventos contra a fronteira portuguesa. Ocorre uma tempestade, abrandada com a chegada de Vênus e das Ninfas, que seduzem os ventos. Finalmente chega às Índias.

Canto VII

Narram-se o desembarque em Calicute e os primeiros contatos como os mouros. Descrevem-se as Índias.

Canto VIII

Os portugueses enfrentam novos problemas com os mouros. Alguns adivinhos dizem que os lusitanos vinham para escravizar os indianos. Baco aparece em sonho a um sacerdote muçulmano, inspirando-lhe sentimentos anticristãos. (Lembre-se de que os portugueses eram cristãos).

Canto IX

Conseguindo livrar-se das dificuldades, Vasco da Gama apressa a partida. Inicia-se a viagem de volta a Portugal. Segue-se o episódio da Ilha dos Amores; Vênus e Cupido preparam uma recepção aos portugueses para compensar-lhes os sofrimentos.

Enquanto Vasco da Gama ama a deusa Tétis, os marinheiros divertem-se com as Ninfas.

Canto X

Tétis oferece um banquete aos navegantes. Após o banquete, leva-os para o alto de um monte e descreve-lhes o mundo até então conhecido. Os navegantes partem da ilha e retornam a Lisboa.