O Xadrez

 

Há trezentos anos atrás, o autor de um Tratado sobre o jogo de xadrez, observou que isso não é um passatempo como os demais. Todos, na verdade, podem jogar cartas ou dados e terem, também, a possibilidade de garantir a vitória com apenas um lance de sorte., mas, no Xadrez, cada movimento é a descoberto, atenamente seguido pelo jogador rival; é necessário, pois, muita habilidade para combater o adversário, para prever-lhe os movimentos e derrotá-lo, e não se pode recorrer a enganos nem contar com a sorte.

O tabuleiro é composto de 64 quadrinhos de duas cores, disposos alternadamente. Cada um dos jogadors tem à sua disposição 16 peças: oito Peões, dois Bispos, dois Cavalos, duas Torres, uma Rainha e um Rei. As peças do Xadrez formam, assim, dois pequenos exércitos, que são alinhados no tabuleiro de maneira a ficarem situados um diante do outro.

O desenvolvimento do jogo poderia ser comparado a uma batalha, com assalto às Torres, armadilhas e capturas do inimigo; o jogo terminas quando um dos Reis, privado da ajuda de seus defensores, não tem mais saída.

Há muitos séculos atrás, durante uma batalha entre ingleses e franceses, um cavaleiro agarrou improvisadamente, pela rédea, o cavalo do rei inimigo, gritando: — O Rei está preso! — Mas o Rei desmontou o assaltante com um golpe de espada, exclamando: — Não sabe que, no Xadrez, não se pode prender o Rei? — Realmente no jogo de Xadrez, não se pode fazer provar à peça principal, isto é, o Rei, a amargura de ficar prisioneiro.

O Xadrez teve remotíssima origem no Oriente, todavia, ainda não se sabe ao certo em que país nasceu este jogo, se na China, na Índia ou na Pérsia. É certo, porém, que ele, já no século VI, era conhecido pelos persas, que, com toda probabilidade, tinham-no aprendido dos hindus. Nos séculos seguintes, o jogo também foi praticado pelos árabes, que os difundiram no mundo mulçumano e, afinal, no Ocidente cristão.

Muitas, porém, são as opiniões sobre as origens do jogo de Xadrez; há, por exemplo, quem pense que ele já era conhecido pelos antios gregos e, a este propósito, conta-se essa lenda.

Depois que tróia foi expugnada e destruída, o grego Ulisses precisou errar dez anos, antes de regressar à sua pátria, a ilha de Ítaca. Durante sua ausência, alguns príncipes, chamados Aquinos, instalaram-se na corte de Ítaca e, julgando Ulisses já morto, passaram a cortejar-lhe a esposa, Penélope. Conta-se que os Aquinos para transcorrer mais alegremente seus dias ociosos, depois dos lautos jantares, punham Penélope como prêmio dos seus jogos de... Xadrez. Os Aquinos eram 108, e estavam divididos em dois esquadrões. Jogavam com um tabulareiro semelhante ao moderno, e, no centro dele, deixavam umas casas vazias: numa delas era colocada uma peça, que simbolizava Penélope. Cada um dos Aquinos devia procurar, com sua peça, tocar e remover Penélope da casinha. Ele pensava, que se o conseguisse, teria muita probabilidade de desposar a rainha. O jogo do Xadrez, porém, não deu sorte aos Aquinos, pois, quem leu a Odisséia, já sabe que eles foram todos mortos por Ulisses, ao seu regresso.

Embora numerosas sejam as lendas surgidas em torno deste jogo, sabe-se, com certeza, que ele se difundiu, na Europa, lá pela metade do século XI

Um frade, Jacopo da Cessole cerca de 1 300 escreveu um livro sobre o jogo de Xadrez, Solatium ludi Scacchorum, que foi bem recebido. Depois dele, numerosos forma os que escreveram tratados sobre tal jogo, fixando-lhe regras complexas e precisas, propondo modificações ou novas terminologias. Esta circunstância prova que o jogo de Xadrez tinha sido bem acolhido pelos nossos anepassados, que se dedicavam a ele com a mesma paixão com que hoje este jogo é ainda praticado.

O Xadrez esteve especialmente em voa durante a Renascença; para os senhores e poderosos existiam até tabuleiros ornamentados por pedras preciosas, e os súditos, para imitar os belos tabuleiros dos ricos, decoravam os próprios com os fragmentos de vidro colorido.Os senhore que gostavam de rodear-se de objetos artísticos, geralmente, mandavam construir o tabuleiro e as peças por célebres artistas. Um artista estrangeiro, por exemplo, levou nada menos que dezoito anos para esculpir e decorar as peças de um tabuleiro; usou ébano e madeira de luxo e, com exceção das Torres, representou todas as peças como figurinhas de meio corpo, apoiadas sobre um pedestal.

Aos nossos dias, certamente, tabuleiros são preciosos ninguém mais faz, mas a paixão pelo Xadrez permaneceu. Muitíssimos, de fato, são os amadores deste jogo e bastante freqüentes são as competições ou torneios que eles organizam, pondo diante dos tabuleiros rivais de nacionalidades diversas, oriundos de todos os recantos do mundo. o jogo moderno difere notavelmente daquele praticado nos tempos passados, todavia, trata-se, ainda, de um jogo difícil.

Uma lenda sobre a origem do Xadrez nos faz retornar bastante no tempo, a algum século antes de Cristo nascer. A frota grega encontrava-se em Áulida, porto da Beócia, esperando poder zarpa rumo à inimiga cidade de Tróia. Mas a parada em Áulida prolongava-se, e o ócio exasperava os guerreiros, impacientes em expugnar a cidade inimiga: o grego Palamedes, pra manter agradavelmente ocupados os companheiros, inventou o jogo de Xadrez.

Torneios e campeonatos de xadrez

No final do século XVI começaram a ser organizados os primeiros certames enxadrísticos, nos quais adquiriu destaque o espanhol Ruy López de Segura, considerado o inventor da famosa "abertura espanhola". No século XVIII foi o francês Philidur quem revolucionou o jogo, tornando-se imbatível em todos os torneios. Ao longo do século XIX destacaram-se o alemão Adolf Anderssen e o norte-americano Paul Murphy.

Em 1914 se realizou em San Petersburgo um importante torneio, no qual o czar Nicolau II criou o título de "grande mestre enxadrista", que concedeu aos cinco finalistas: Emanuel Lasker, Alexander Alekhine, José Raúl Capablanca, Siegbert Tarrasch e Frank Marshall. Atualmente, o número de mestres deste jogo aumenta extraordinariamente, destacando-se Robert (Bobby) Fischer, Mikhail Tal, Anatoli Kárpov e Gari Kaspárov.

 

Links:

Confederação Brasileira de Xadrez: Contém informações sobre a história do xadrez no Brasil, seu principais ídolos, os resultados das principais competições em andamento. http://www.cce.ufpr.br/~cbx/menu.htm

Federação Internacional de Xadrez (FIDE): Ranking mundial, organograma, calendário, torneios abertos, novidades, diretório de grandes mestres (em inglês). http://www.cce.ufpr.br/~cbx/menu.htm