O Mar dos Sargaços

Já os antigos navegantes, desde o século XII, tinham levado para a Europa a curiosa notícia de que, no Oceano Atlântico, entre as Antilhas e os Açores, existia uma espécie de pradaria, vastíssima e perigosa para a navegação.

Eles não foram os únicos a difundir tal notícia, pois Cristóvão Colombo, quando se dirigia para o Novo Mundo, atravessara essas plagas marinhas, em setembro de 1492 e, ao voltar à Espanha, deu notícias mais detalhadas sobre a extensão de erva que vira, misteriosamente, flutuando sobre as águas e povoadas de miríades de aves marinhas. Hoje, na realidadem, nós sabemos que aqueles antigos navegantes não encontraram uma pradaria, mas sim algas flutuantes, agrupadas de modo a formar numerosas ilhotas de 10 a 12 metros de largura. Estas algas possuem, variadamente dispostas, algumas bexiguinhas em forma de grãos e cheias de ar que permitem flutuar. Têm folhas mais ou menos alongadas segundo a espécie, e tinta que varia do amarelo-escuro ao marrom.

Destas algas, conhecidas em Botânica, sob o nome de Sargaços, conhecem-se, hoje, mais de cem espécies, diferentes umas das outras pela forma e dimensão e, embora sua presença tenha sido assinalada em outros mares, são particularmente abundantes sobretudo neste trecho do Oceano. Eis porque ele é chamado Mar dos Sargaços.

Sobretudo do fim do verão à metade do outono, as ilhotas flutuantes são mais numerosas e mais vastas. Mas a circunstância mais estranha é que estas ilhotas flutuantes se encontram somente muito raramente bas zonas limítrofes àquelas onde flutuam normalmente.

Alguns entendidos na matéria pensam que isso é devido ao fato de que, somente nesse trecho do mar, os Sargaços encontram condições mais favoráveis para seu sustento e desenvolvimento: as correntes de águas quentes, que têm origem na proximidade do Equador, formando um movimento rotatório, circunda de fato, esse trecho de mar, protegendo-o das borrascas do Atlântico, de modo que a colônia dos Sargaços pode prosperar e viver num mar particularmente quente. Mesmo além dos 1500 metros de profundidade, a temperatura do Mar dos Sargaços oscila sobre cinco graus acima de zero e, nos pontos de máxima profundidade, a temperatura nunca fica abaixo de zero.

Mas a presença dos Sargaços nestes lugares suscitou problemas ainda mais interessantes. Segundo a hipótese de alguns estudiosos, os Sargaços não são senão algas arrancadas das costas americanas em eras remotas, as quais, levadas pelas correntes, na zona compreendida entre as Antilhas e os Açores, teriam aqui encontrado condições adequadas para sua existência. Mas a hipótese recente é bem mais interessante: a presença dos Sargaços nessa região, provaria, segundo algus, a efetiva existência de um continente, a Atlântida, que ali devia estar, antes de ser submerso completamente pelas águas do mar. Os Sargaços seriam, neste caso, os restos da flora litorânea da Atlântida, sobrevividos ao seu desaparecimento e reproduzidos espontaneamente.

Se esta hipótese fosse verdadeira, o misterioso Mar dos Sargaços, que já, desde a época dos seus primeiros descobridores, tinha provocado a curiosidade dos europeus, encerraria, deveras, um fascinante segredo: aquele da misteriosa Atlântida, esplêndida terra, rica de água, de montanhas e vegetação.