Embora tanto a arte quanto a ciência tenham como finalidade a busca da verdade, variam os processos e métodos de que lançam mão artistas e cientistas. O cientista dedica-se primordialmente a analisar materiais ou eventos, ao contrário do artista, cuja preocupação básica é sintetizar. O cientista isola, fraciona e desmonta matérias em suas partes constitutivas, visando a análise; o artista seleciona seus materiais, conjuga-os, compõe, constrói. O cientista restringe-se ao exame do mundo objetivos dos fatos e fenômenos, ao passo que o artista lida, antes de tudo, com o subjetivismo de imagens e sentimentos. A ciência visa a estabelecer leis que se apliquem a todos os casos; a arte esmiuça reações individuais e se baseia em experiências isoladas. Os cientistas tendem a se tornar especialistas, limitando mais e mais seus campos de ação; os artistas porfiam em dar forma e conteúdo a uma visão universal.
Uma vez formulada, uma teoria científica é, na melhor das hipóteses, tentativa, já que suas premissas destinam-se a ser desmentidas ou superadas por pesquisas e descobertas subseqüentes. Uma obra de arte, uma vez elaborada, permanece como um marco final de sua época. Moda e critérios da aquilatação crítica podem variar rapidamente, e a obra de um artista pode vir a ser eclipsada pela de outro maior; mas um edifício, uma estátua ou uma pintura particular permanecem.
É, pois, tarefa do artista fazer o instante durar, dar permanência ao transitório. O artista é o único vitorioso na luta humana contra o tempo, e a obra de arte é a cristalização de um momento, um elo entre o passado e o futuro, uma ponte entre a experiência individual e universal.